segunda-feira, 13 de junho de 2022

Confeccionando o Samuê (kimono de trabalho)

A palavra Samue literalmente significa "roupa de trabalho", sendo que a palavra "samu" é trabalho.

Leia mais sobre o significado do Samu neste link: Qual o Significado de Samu.

Voltando a vestimenta Samuê, ela é usada na escola Soto-shu principalmente pelos praticantes leigos que já passaram pela cerimônia de Jukai, também usado pelos monásticos na hora das atividades braçais como limpeza e manutenção do templo, cozinha e atividades informais. Mas no Japão o uso desta vestimenta se estende a todos que executam trabalhos braçais, ou de artesanato, a onde uma roupa que não limite os movimento seja adequada.

Portanto, não necessariamente, deve ser costurada a mão como outras vestimentas japonesas tradicionais, pode ser costurada à máquina. Deve ser uma vestimenta bem confortável, larga, que não limite os movimentos, fácil de lavar e passar.

No Brasil o Samuê é usado por praticante leigos como uma vestimenta mais formal nas praticas cerimoniais juntamente com o rakusu (mini manto). Outra roupa usado pelos praticantes leigos é o kimono branco, mas falaremos deste em outro post.

No Brasil tambem é difícil achar quem confeccione samue (em São Paulo talvez). Não tive um samue para me basear, portanto tive que fazer uma pesquisa e me basear nos kimonos de artes-marcias e kimonos tradicionais. Aliado ás dicas da sensei Isshin Roshi foi elaborado um croki e os moldes, o resultado final foi aprovado pela sensei Isshin. Principalmente o caimento da gola que dificilmente as costureiras ocidentais acertam.



 

 

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Monja Isshin Roshi e a costura Zen

 Minha professora de budismo, monja Isshin Roshi, recebeu treinamento de costura Zen com sensei Okamoto em 2002 quando passou em treinamento na escola Soto-shu no Japão.

 



 


 

 

Ler mais sobre costura Zen (Fukudenkai) 

Fukudenkai - Prática da Costura Budista

quarta-feira, 25 de maio de 2022

Rakusu para um professor da Soto-zen

 O rakusu de professor da escola Soto-zen geralmente vem do Japão e é feito sob padrão, inclusive com as insígnias da escola. Na ocasião em que um monge se torna professor oficial da Soto-zen ele recebe este rakusu. 

Infelizmente alguns incidentes podem acontecer como o rakusu se extraviar por algum motivo. Isto aconteceu com minha professora de budismo. Não sei o que aconteceu de fato, se foi furtado, se foi perdido, simplesmente o rakusu sumiu sem deixar rastro. 

Se alguém pegou fico muito triste com a atitude, pois um novo da escola Soto-zen é caro importar por conta das taxas, sequer é vendido e enviado para o Brasil, a não ser pela sede da Soto-zen aqui. Além do que é de uso pessoal, dedicado ao usuário com nome escrito e tudo. Ou sejá, não tem serventia nenhuma a quem por acaso furtou. Se é para pegar só porque é bonito e ficar olhando, sinceramente, atitude bem egoísta. Se não foi isto, se alguém achou, não sabe o que é e ficou, ou esta querendo devolver, já sabe lendo aqui que alguém perdeu.

O rakusu também pode ser feito pelos alunos para presentear o professor. No caso minha professora pediu pra que fizesse um pra ela, já que esta em função de cuidar da própria saúde. Para o aluno é uma honra confiar esta tarefa. Geralmente um grupo de alunos se organiza numa oficina de costura Zen e faz, no caso do minha sangha muitos novos alunos entraram, alguns dispersaram, outros moram distante da sensei, e não se pôde reunir um grupo de costura Zen ainda. 

Inicialmente optei pelo modelo mais comum de rakusu, mas após mostrar outras opções de tecido para a sensei ela optou por outro modelo. Como estou em treinamento de costura Zen não questionei, pois tenho que saber todas as formas de confecionar um rakusu. 














terça-feira, 24 de maio de 2022

Novo rakusu preto

 O tecido usado para fazer o samuê (kimono de trabalho) para o Jukai, logo após foi usado para fazer máscaras para a prevenção da COVID-19. Infelizmente duas semanas após a cerimônia de Jukai a OMS declarou que estávamos diante de uma epidemia de coronavirus. As máscaras de pano foram muito úteis, as pessoas que às usaram não adoeceram de COVID até a escrita deste texto. As vacinas finalmente vieram e a necessidade de fazer máscaras diminuiu. Os tecidos que sobraram deram forma a um novo rakusu. Tinham tonalidades diferentes e foram mesclados, o que deu um charme especial. 

A argola deste rakusu foi feita durante o auge da pandemia de retalhos de madeira de uma madeireira perto do sítio a onde fiz o isolamento social com a família. 

O envelope também são de sobra de tecido de lojas.

Enfim, é o rakusu de renascimento de toda esta loucura que foi a pandemia, de tudo que sobrou. Não preciso citar o saldo desta "loucurada", sabemos como foi tudo isto. Costurar um rakusu é um privilégio que alguns não tiveram.


















quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Argolas de Rakusu



Uma das dificuldades que temos é achar argolas de Rakusu. Alguns improvisam com argolas de cortina. Sempre confeccionei as argolas dos rakusu que fiz. Cada argola é única e tem sua personalidade. Tem em media 4,5 cm de largura e ideal para rakusu de 9 polegadas, sempre procurando se aproximar do padrão da Soto-zen. 
A história destas argolas foi bem interessante, no meio do isolamento social, na cidade rural em que fiquei, há uma madeireira na qual tinha muitos retalhos de madeira que basicamente iam para o descarte ou processamento. Ninguém me perturbou quando escolhia as madeiras, o resultado esta abaixo.











 






Costurando o Rakusu para o Jukai

Conheci a monja Isshin Roshi em meados de 2013 quando me candidatei a ajudar-la na organização de um evento da Sanga Águas da Compaixão, o Hanamatsu 2014 na Usina do Gasometro em Porto Alegre.
 
 

 


Após 4 anos de convivência e amizade com sensei Isshin pedi para costurar meu mini manto budista (rakusu). Tal pedido foi feito após um período de grande turbulência na qual o aprendizado foi muito intenso, foi quando cheguei a conclusão que não conseguia seguir sem assumir o budismo como caminho. No ultimo trimestre de 2018 sensei Isshin se mudou para Passo Fundo a onde tinha alunos a ensinar. Portanto a orientação da costura do rakusu foi toda on-line, mas no meu caso não tive dificuldades pois já tinha uma certa intimidade com costura devido a minha mãe ser costureira. Com este rakusu iniciei meu aprendizado na Costura Zen (Fukudenkai).









Outra costura Zen que também fiz com a orientação da Sensei Isshin Roshi foi a costura do Samuê (kimono de trabalho) na qual iniciei o processo do zero, pesquisando e elaborando o molde. Foi meu aprendizado na maquina de costura, pois o samue pode ser costurado à maquina. A costura tradicional japonesa tem detalhes que as costureiras ocidentais não conseguem entender por já estarem adaptadas a costura habitual e, por mais que se explique, a tendência é repetir os "vícios", portanto o caimento da roupa fica muito a desejar. Fiz não só o samuê como o juban (kimono branco que fica abaixo da roupa).


No carnaval de 2020, realizei a cerimônia de Jukai nas futuras instalações do Templo Águas da Compaixão na Cidade de Mato Castelhano que estava ainda sendo construído pelo Grupo Jusui-Zendo Águas da Compaixão e Grupo Budista Shantideva de Passo Fundo.




Como o mundo sabe, em março de 2020 estourou uma pandemia o que me obrigou a me isolar na zona rural para cuidar de pessoas do grupo de risco. O aprendizado da costura Zen continuou, porém devido a necessidade de confecção de máscaras, os retalhos sobrados da costura zen foram usados para confecciona-las, pois com o lockdown imposto eram os únicos tecidos disponíveis e, nesta ocasião, o cuidado com a saúde ficou em primeiro lugar. A costura Zen só foi retomada no final de 2021 costurando outro rakusu com as sobra de tecidos destinados às mascaras. 

Mas isto é assunto para outro post


Confeccionando o Samuê (kimono de trabalho)

A palavra Samue literalmente significa "roupa de trabalho", sendo que a palavra "samu" é trabalho. Leia mais sobre o sig...